domingo, 2 de maio de 2010

O Síndrome do Túnel Cárpico

As mãos são usadas no nosso dia-a-dia como complemento à nossa comunicação e como instrumento de trabalho. Devem, por isso, ser alvo da nossa atenção, no sentido de se efectuar uma vigilância apertada a qualquer sinal ou sintoma de alteração.

O síndrome do túnel cárpico constitui uma das patologias mais comuns da mão. Trata-se de uma lesão no nervo mediano provocada por um processo de compressão que leva à diminuição relativa do calibre do túnel cárpico, com consequente atingimento do nervo supracitado.
O túnel cárpico é criado pela organização côncava dos ossos do carpo (dorso) e pelo ligamento transverso do carpo (zona ventral) e localiza-se no punho, do lado da palma da mão. Pelo seu interior, passa o nervo mediano que é responsável pela enervação dos músculos flectores do antebraço e da zona tenar (palma da mão).

Fisiopatologicamente, pode verificar-se que este estreitamento advém do engrossamento crónico das bainhas tendinosas. Assim, a compressão do nervo mediano, leva a um quadro sintomatológico muito específico:

- sensação de formigueiro na área de enervação do mediano (três primeiros dedos),
- dor tipo pontada,
- dificuldade na execução dos movimentos finos,
- nos casos mais evoluídos, há atrofia dos músculos (mão de macaco).

De notar que a sensação de formigueiro, bem como a dor, são predominantes durante a noite, chegando a causar um incómodo que impossibilita um sono reparador.
Este tipo de patologia surge, habitualmente, em indivíduos com trabalhos repetitivos (Ex: caixas de supermercado, escritores), sendo mais frequente no sexo feminino. A obesidade, gravidez, hipotiroidismo, artrite e diabetes, são factores que tornam o sujeito mais predisposto a esta problemática.
O diagnóstico é feito através da análise da sintomatologia descrita pelo doente, apoiado pela observação de sinais detectados no exame médico. Em último caso, o diagnóstico final é confirmado por testes de condução do nervo (electromiografia).

O tratamento é determinado em função do grau de severidade dos sintomas, bem como da causa que está na base desta problemática. Quando detectada precocemente, a modificação das actividades diárias associadas a um esquema terapêutico de medicamentos anti-inflamatórios, pode ter um efeito atenuante e até reversivo deste síndrome. No entanto, habitualmente, é escolhido um tratamento cirúrgico: neurólise do mediano. Esta cirurgia consiste na secção (corte) do ligamento anular do carpo, por incisão cutânea que segue a prega palmar (a meio do pulso e em posição perpendicular ao alinhamento dos dedos). O nervo mediano é, então, libertado em toda a sua extensão.

Em caso de intervenção cirúrgica, o período de internamento é curto e há uma série de cuidados que devem ser tomados, sendo que uns são no imediato e ou outros mais tardiamente.

Assim, no pós-operatório mais imediato:
- fazer movimentos com a mão e dedos, a fim de evitar o edema (inchaço), bem como a dor,
- o penso deve ser, sempre, mantido limpo e seco, uma vez que as compressas molhadas em contacto com a sutura (ferida cirúrgica) não favorecem a cicatrização da mesma,
- durante os primeiros dias, o uso de crioterapia (aplicação de gelo) pode ser benéfico para a redução da dor, do edema e evita o sangramento,
- usar a mão acima do nível do cotovelo, recorrendo a um lenço ou uma ligadura,
- retirar os pontos ao fim de 12 dias, embora o médico possa determinar um período de tempo diferente,
- enquanto não se proceder à remoção do material de sutura (pontos), devem evitar-se actividades forçadas com a mão operada.
O regresso à vida normal tem de ser progressivo e apenas após a retirada dos pontos. Tardiamente, pode e deve exercitar-se de forma suave o pulso intervencionado, contrariando desta forma uma possível recompressão do mediano.

Assim:
1. Flectir o cotovelo com a mão erguida,
2. Movimentar o pulso em círculos de forma suave,
3. Cerrar o punho e abrir suavemente a mão, afastando bem os dedos.

Esta sequência de movimentos deve ser repetida várias vezes ao dia.
Seja como for, a partir da data da cirurgia e quando já existe movimento pleno, deve evitar-se pegar nos objectos com a ponta dos dedos e ainda actividades repetitivas, pois o risco de recidiva desta problemática é uma realidade.

BIBLIOGRAFIA:
TATE, et al; “Anatomia e Fisiologia”, Lusodidacta, 1ª Edição, Lisboa, 1997
SERRA, Luís M. Alvim; “Critérios Fundamentais em Fracturas e Ortopedia”, LIDEL, 2ª Edição, Porto, 2001
Recebido por e-mail de “Conhecer Saúde”

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