segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Doença de Dupuytren

A mão do ser humano é considerada a sua maior conquista evolutiva. Esta traduz-se na oponência dos dedos, devido à presença do polegar, que levou a uma adaptação ao ambiente mais facilitada.
Assim, começou-se a construção e a utilização de instrumentos com os quais o ser humano se defende e modifica tudo o que o rodeia.
Tendo isto em linha de conta, não é difícil perceber que toda e qualquer patologia que afecte as mãos, dificulta a forma como se vive e como se convive.
De um modo geral, a também chamada Contractura de Dupuytren, caracteriza-se pela degeneração de fibras elásticas, espessamento e hialinização (endurecimento) do feixe de fibras de colagénio da fáscia palmar, com formação de nódulos e contracção da fáscia. Em alguns destes doentes podem ocorrer lesões semelhantes na fáscia plantar (pé) – Doença de Ledderhose – e em 5 a 10% na fáscia profunda do pénis (Doença de Peyronie).

A Doença de Dupuytren é uma patologia cuja evolução é lenta, de carácter benigno e de causa desconhecida. Incide mais frequentemente no sexo masculino e normalmente entre a 5ª e 7ª décadas de idade.
Há estudos que demonstram que a Contractura de Dupuytren está associada ao alcoolismo, diabetes de longa duração, toma continuada de anti-convulsivantes e uma história familiar positiva, sendo esta última a que confirma o cunho hereditário desta patologia.
Assim, 60 a 70% dos descendentes de doentes têm predisposição genérica a padecer da contractura. A herança é autossómica dominante e é comprovada pela elevada incidência na população que descende do Norte da Europa. Há autores que a reconhecem como a Doença dos Vikings.
Sinais da Doença:
O primeiro sinal da doença é o aparecimento de um nódulo na palma da mão, junto do 4º e 5º dedos. Este é indolor e muitas vezes confundido com um calo. Evolutivamente, podem apresentar-se novos nódulos, que formam um cordão que repuxa os tendões da fáscia, levando à flexão dos dedos.

Verdan, faz uma classificação da evolução desta doença em 4 graus: o primeiro grau é a presença do nódulo, fala do grau 1 da corda, avança para o grau 2 – quando não se pode estirar a mão, colocando-a recta sobre a mesa (Teste de Hueston) – e grau 3 quando o dedo já está totalmente dobrado.

Alguns doentes referem, associada à presença dos nódulos, sentir alguma dor, prurido (comichão) e sensação de queimadura. Deve ser examinada a mão afectada, procurando ainda outros aspectos importantes, como:
1. Nódulos firmes que podem ser sensíveis à palpação,
2. Cordões próximos aos nódulos, geralmente indolores,
3. Palidez á extensão activa dos dedos,
4. Sulcos na pele, evidenciando aderência à fáscia,
5. Bursite, tendinites ou tenossinovites.

Tratamento:
No que concerne ao tratamento, este pode ser de dois tipos – conservador ou cirúrgico –, sendo que o último costuma ser o mais utilizado.
O tratamento conservador é usado em casos mais leves e com o intuito de evitar contracturas articulares mais acentuadas.
Assim,
pode proceder-se a exercícios de extensão forçada e ao aumento da extensabilidade da fáscia palmar, através do uso de ultra-som ou outra modalidade de aplicação de calor profundo, que alivia a dor e diminui a retracção. Aplicar vitamina E sob a forma de creme e radioterapia associadas a um esquema medicamentoso com corticóides e imobilização da mão afectada, podem ser indicados na fase nodular da doença.
O tratamento cirúrgico costuma ser o mais escolhido, embora a sua indicação se baseie no grau de limitação de movimentos da articulação dos dedos (limitação na extensão), idade e compromisso do doente em realizar reabilitação, evitando a necessidade de nova cirurgia.
Assim,
de um modo geral, a cirurgia toma a nomenclatura de fasciectomia. No entanto, existem várias possibilidades para faciectomias:
1. Fasciectomia Percutânea – utilizada em casos graves para correcções progressivas em etapas;
2. Fasciectomia Limitada, Regional ou Parcial – mais utilizada e para correcção de situações de gravidade pequena a moderada;
3. Fasciectomia Extensa ou Total – raramente utilizada devido ao risco de complicações;
4. Dermofasciectomia – resseção da pele junta com a fáscia, utilizada em recidivas.

As complicações mais comuns são:

- Formação de hematoma e recorrência da lesão,
- Lesão do nervo digital;
- Necrose;
- Infecção.
Numa fase pós-operatória, há cuidados a ter com o penso, mantendo-o limpo e seco. O material de sutura (pontos) é removido após 12 dias e a mão operada deve ser mantida elevada.
Ao nível da recuperação, são realizados exercícios activos. Estes são iniciados, se possível, no primeiro dia de pós-cirurgia. O polegar, dedos e punho devem ser mobilizados regularmente, até que a amplitude articular seja retomada na sua totalidade. Há clínicos que aconselham o uso de talas para posicionamento de extensão dos dedos.

Recebido por e-mail de "Conhecer Saúde"

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