domingo, 6 de janeiro de 2008

Associações voltam a ameaçar parar campeonatos



A Comissão Delegada das Associações Distritais e Regionais de futebol manteve hoje a ameaça de parar os campeonatos, caso o Novo Regime Jurídico das Federações não venha a ser alterado.

"Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, porque não aceitamos ser violentados desta forma. Disse (Laurentino Dias) que não nos recebia. Se não perceber que somos parceiros, vai ter uma surpresa. Entregamos as chaves das associações, os 75 por cento e paramos os campeonatos", afirmou Júlio Vieira, presidente da comissão, referindo-se ao secretário de Estado da Juventude e do Desporto.

A Comissão Delegada reuniu-se hoje em Lisboa para discutir as alterações à proposta do Novo Regime Jurídico das Federações, tendo Júlio Vieira, no final, assumido que aquele organismo vai "até às últimas consequências para ver alterada a proposta do Governo".
Da reunião saiu um comunicado que na prática apresenta uma proposta alternativa das associações àquela que foi apresentada pelo Governo no Conselho Nacional do Desporto em Dezembro, propondo estas que a sua representatividade se fixe em 50 por cento (menos cinco por cento que os actuais) na Assembleia Geral da Federação.

A Comissão propõe, no que concerne ao artigo das relações da federação desportiva com a Liga profissional, que, na falta de acordo entre as duas entidades para a celebração ou renovação de contratos, o mesmo deve efectuar-se em sede da Assembleia Geral (AG) da respectiva federação e "não transitar para um conselho consultivo (Conselho Nacional do Desporto), que vai funcionar como tribunal arbitral".

Quanto ao artigo 33, ponto 1, designação dos titulares dos órgãos, para a Comissão todos os titulares devem ser eleitos em listas próprias.

"Os titulares devem ser eleitos em listas próprias e não escolhidos pelo presidente de uma federação, que escolhe a direcção e onde todos têm que bajular o presidente, caso contrario vai embora. Pode ser muito engraçado para a UEFA e FIFA, mas é perigoso para o desporto português", afirmou Júlio Vieira.

O artigo 37, a proporcionalidade da representação, foi o que mais críticas recebeu e onde Júlio Vieira prometeu lutar até as últimas consequências para que as associações não percam peso nas decisões.

"Está a criar-se um bloco de 55 por cento (25 da Liga, 15 do Sindicato de Jogadores, 7,5 APAF (Associação Nacional de Árbitros de futebol) e 7,5 da ANTF (Associação Nacional de Treinadores de futebol), onde o futebol profissional passa a mandar no futebol português", acusou Júlio Vieira.

Para este dirigente, o Regime Jurídico "é feito à medida do futebol profissional".

"Um por cento do futebol português (1.500 atletas profissionais) vale mais que 135 mil, é inacreditável! A Associação do Porto, com 22 mil associados, vale menos votos que os jogadores profissionais. Somos frontalmente contra", sublinhou Vieira.

Para contrariar esta tendência, a Comissão propõe 20 por cento dos delegados dos clubes dos quadros competitivos de natureza profissional e 50 por cento dos delegados dos clubes dos quadros competitivos nacionais de natureza não profissional e de âmbito regional ou distrital.

O artigo 44, é o único em que há acordo, segundo Júlio Vieira, mas, mesmo assim, a Comissão propõe duas secções, uma para o futebol profissional e outra para o não profissional, acrescentando uma terceira para a formação e recrutamento, além de uma comissão de avaliação e um conselho de arbitragem.

Quanto à duração dos mandatos, artigo 50, o Novo Regime prevê dois mandatos como máximo, a Comissão propõe três.

Fonte: Lusa

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito Bem.
Este blogue está com óptima qualidade.
Parabéns ao seu autor.