A insuficiência venosa é uma anomalia do sistema venoso dos membros inferiores, responsável pela alteração do retorno do sangue ao coração, o que provoca o sofrimento das veias. Importa conhecer melhor a doença, para tentar prevenir ou reduzir os seus efeitos. Saiba pois quais os cuidados que pode ter no escritório a este nível.
A doença afecta cerca de um terço da população portuguesa, com maior prevalência de casos de doentes de sexo feminino, embora, actualmente se registe um aumento de casos de indivíduos de sexo masculino, explica Duarte Medeiros, chefe de cirurgia vascular do Hospital Egas Moniz. Estes "chegam já num estádio avançado da doença devido ao factor de camuflagem nos homens que são os pêlos nas pernas, daí que não se note o desenvolvimento da insuficiência venosa, apesar de terem algumas queixas como sensação de peso e cansaço nas pernas", afirma. Segundo o especialista, a patologia é cada vez mais transversal às várias faixas etárias. Até porque "cada vez aparecem mais doentes nas consultas e mais novos
".
À procura de uma prevenção:
À procura de uma prevenção:
Apesar de ser difícil haver prevenção, o especialista deixa alguns conselhos, nomeadamente, a importância do seguimento de um estilo de vida saudável. A adopção de uma dieta saudável pode ser considerada uma medida de prevenção para o surgimento de problemas de saúde, em geral, mas não existe um regime alimentar específico para a insuficiência venosa. Recomenda-se a ingestão de água, evitar-se o consumo de tabaco e são, igualmente, reconhecidos os efeitos positivos da caminhada na prevenção da doença venosa, após um período em que a pessoa esteve sentada, explica Duarte Medeiros.
O especialista desmistifica a ideia de que só é benéfica a caminhada em passo acelerado, uma vez que "o importante é caminhar.As pessoas não precisam de se cansar a andar depressa", explica. Alerta, no entanto, que estar de pé numa posição estática acaba por produzir os mesmos efeitos adversos - em termos de retorno venoso - do que estar sentado. Segundo o cirurgião, "quando se está de pé ou sentado com as pernas pendentes, o efeito é o mesmo. A circulação do sistema venoso profundo funciona mais quando estamos a andar".
Assim mesmo no escritório, os trabalhadores devem combater o sedentarismo, ou seja, "evitar estar muito tempo de pé parado ou sentado com as pernas pendentes e, neste último caso, tentar levantar-se, de meia em meia hora, com alguma frequência e andar um pouco." Adverte ainda que na posição de sentados, os trabalhadores devem fazer exercícios de contracção das pernas e dos tornozelos, para estimular o retorno venoso.
Evitar exposições a fontes de calor e usar vestuário apertado são outras formas de tentar prevenir a insuficiência venosa. O especialista distingue dois grupos de pessoas: o das que têm sintomas da doença (sensação de cansaço nas pernas, etc) que se revelam através do surgimento de varizes e o daquelas que apenas têm derrames assintomáticos.
A lazer terapia pode ser um método de tratamento e prevenção recomendado para o segundo caso. Para casos de indivíduos que apresentem pequenas varizes, aconselha ainda o seguimento de um estilo de vida saudável. O uso de anticoncepcionais é prejudicial, pois pode, passado alguns anos propiciar o aparecimento de pequenos derrames e varizes.
Tratamento da doença:
A terapêutica dos doentes com insuficiência venosa pode basear-se na utilização da meia de descanso/contenção elástica, que, segundo Duarte Medeiros, dá algum conforto às pernas e na administração de fármacos. Salienta, no entanto, que "pode ser perigoso sugerir as meias de descanso porque as pessoas podem ter, a partir de alguma idade, algum componente de insuficiência arterial obstrutiva periférica.Aí a meia de descanso irá agravar a doença, reduzindo a circulação sanguínea". E acrescenta que a terapêutica farmacológica é a solução quando o caso de doença venosa assim o exige. Frisa que o tipo de tratamento da doença deve ser adaptado ao caso particular de cada doente. O recurso ao tratamento de lazer e à cirurgia são opções a equacionar, de acordo com o especialista que ressalva, no entanto, que esta última deve ser realizada em última instância. Conclui referindo que, regra geral, "a insuficiência venosa não tem cura e, uma vez instalada, veio para ficar", embora seja possível controlar os seus sintomas e apostar na melhoria da qualidade de vida do paciente.
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